Cantigas de Maio - Zeca Afonso

 Cantigas de Maio - Zeca Afonso (youtube.com)

Eu fui ver a minha amada

Lá p'rós baixos dum jardim

Dei-lhe uma rosa encarnada

Para se lembrar de mim

Eu fui ver o meu benzinho

Lá p'rós lados dum passal

Dei-lhe o meu lenço de linho

Que é do mais fino bragal

Eu fui ver uma donzela

Numa barquinha a dormir

Dei-lhe uma colcha de seda

Para nela se cobrir

Eu fui ver uma solteira

Numa salinha a fiar

Dei-lhe uma rosa vermelha

Para de mim se encantar

Eu fui ver a minha amada

Lá nos campos eu fui ver

Dei-lhe uma rosa encarnada

Para de mim se prender

Verdes prados, verdes campos

Onde está minha paixão

As andorinhas não param

Umas voltam outras não

Refrão:

Minha mãe quando eu morrer

Ai chore por quem muito amargou

Para então dizer ao mundo

Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou

Cantigas Do Maio

José Afonso

Quanta

Quanta poesia cabe aqui?

Muita?

Pouca?

Toda?

Toda não que são bites e bytes.

Pouca, que não, que em bites e bytes...

Consigo escrever muita poesia...

Bites e bytes dela...

Migalhas de poesia.

Montanhas de Amor.

Sorrio quando penso em ti.

Teu sorriso luminoso, todo um firmamento de estrelas de Sóis.

Toda uma vida de poesia, neste céu de veludo quente.

Maria

Maria

Santa

Boca

Bênção

Sorriso aberto de mil estrelas

Toda tu luz

Maria

Perfeita

Mulher

Fé

Sorriso quente de mãos delicadas

Maria

Lábios

Doces

Oração

Arrepio

Sorriso singelo de corpo delgado

Maria

Coração liberto

Cabelos ao vento.

Coração liberto.

Para que me possas amar.

Abre as asas doce anjo.

Cabelos ao vento, livres como tu, para me poderes amar por inteiro.

Desejo.

Sonho.

Almejo.

Cabelos ao vento.

Um dia de sonho.

Um dia de amor escaldante.

Frenesim de viver.

Que a vida corre, corre, foge, mesmo quando és livre como o vento.

Teu cabelo vive nessa corrida.

Coração liberto, por um instante meu.

Amo-te e desejo-te, por igual.

Coração imenso no peito.

Imenso desidério.

Olhos a brilhar de paixão.

Lábios a gemer de prazer.

Alma quase

 Alma quase perfeita.

A tua.

Estrela.

Sim.

Universo.

Sim.

Alma perfeita.

Música e harmonia.

Abraço quente.

Sorriso luminoso.

Alma perfeita aqui junto à minha.

Primeiro dia

Primeiro dia.

Amanhã.

Sempre amanhã.

Primeiro dia.

Arrepio.

Alegria.

Euforia.

Abismo de emoções.

Primeiro dia.

É sempre amanhã.

O agora, finda.

O agora esfuma-se.

Despertarei para o amanhã...

Quase dia...

Dia 13 de Fevereiro.

Dia de quase dia 14.

Vale de vale o que vale.

Já tanto te amei.

Vénus.

Afrodite.

Artemisa.

Diana.

Ceres.

Deméter.

Tanto te amei.

Nunca chegou.

Nunca foi o bastante.

Nunca.

Para ambos.

Suor em teu umbigo.

Suor em teu rosto.

Suor em teu delgado corpo.

Nunca o suficiente.

Deusa.

Princesa.

Rainha.

Dia de quase dia 14.

Mais um dia.

Mais um ano.

Tenho saudades desses olhos a arder.

A arder de paixão.

Fogo imenso e incontrolado.

Tenho saudades.

Lábios em fogo.

É quase dia.

Amanhã.

Sim que venha.

Amanhã, é sempre tarde...

Tarde de mais.

Que venha o amanhã.

Asas e Asas

 Asas e asas, que se abrem, que voam no infinito deste dia perfeito.

Asas e voas.

Asas e voo.

Asas e voamos.

Juntos.

Asas e asas e anjos e anjos.

E lábios, e mãos e dedos, e lábios e seios, e orelhas e pescoço e lábios e mãos.

E coxas e ventre e nádegas

Asas e asas que voam.

É Paixão.

É Amor.

Asas e asas e voamos.

8 - 8

Dois infinitos que se tocam, que entrelaçam os seus destinos, os seus corpos, os seus dedos, os seus lábios.

Dois infinitos que se unem num instante que é um para sempre. Infinito.

Beleza da felicidade, agora, infinitamente, bela, agora.

Alegria e frenesim dessa felicidade, agora, bela, agora.

Amar é perigoso.

Estar apaixonado é perigoso.

Infinitamente perigoso.

Hoje dois infinitos de mãos dadas, rostos colados, quentes, suados, lindos. Escritos no infinito do dia de hoje, 8 de 8

Salmo 17

 

Toda a beleza que eu preciso está nessa estrela que brilha na menina de teu olhar.

Toda a protecção que eu preciso está na sombra de tuas asas.

Só esse gesto de Amor.

Só essa imagem de beleza.

Pura.

Angélica.

Divina.

Fé, Paixão

Um dia sonhei o impossível nos teus lábios. 

Um dia sonhei o impossível em teu umbigo.

Um dia sonhei o impossível nessa tua lingerie rendada.

Um dia aconteceu.

Afinal era possível.

Afinal havia Vida.

Fé

Paixão.

Sangue ardendo.

Afinal não era sonho.

Era presente.

Prenda do aqui e agora.

Tu nessa lingerie rendada.

Esbelta.

Curvas detalhadas e sensuais.

Perfume de profundo desejo.

Canela, cravo, madeira exótica.

Vinho tinto cheio de taninos, paladar aveludado.

Língua quente, doida...

Fé.

Paixão

Onde fica?

 Onde fica o Amor?

Onde fica o Amar?

No peito?

No leito?

No céu?

No inferno?

Em teus lábios, julguei, amar, senti amor, em meu peito calor e alegria, em nosso leito calor e frenesim, nesse céu, estrelas e sóis e no inferno os nossos corpos cansados e mortais.

Onde fica, agora o Amor?

Onde cabe?

Onde fica, agora o Amar?

Onde cabe?

No peito?

No leito?

Vazio.

Vazio.

Vazio.

Eco infinito.

Não fica.